quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Fotos de outros tempos....

AVEIRO (Rossio)

Gervais Courtellemont para a National Geographic Magazine 1927

AVEIRO (Moliceiro na Ria)

Gervais Courtellemont para a National Geographic Magazine 1927

LEIRIA (Início do séc. XX)

BEIRA ALTA

Aldeia da Carrapichana (Celorico da Beira)

Guy Le Querrec 1974

COIMBRA (Largo da Portagem) anos 50

(Autor não identificado)

AVEIRO Cais dos Mercanteis Acompanha a foto um vídeo das salinas em 1935


TORREIRA Anos 60?


ESPINHO (Praia nos anos 50)


Fotografia de Eduardo Gageiro 1971


Nazaré de outros tempos

Fotografia de Artur Pastor.
Poema de Joaquim Pimenta

RETRATOS

E o ranho...
Que do nariz me escorria
E a fome que me atormentava
E eu sofria, eu sofria...

E a sopa...
Dos pobres onde eu comia...
Matava a fome que me matava
E até os dedos lambia.

E as topadas...
Que eu dava, sapatos que não havia,
E a dor que me agastava
Doía muito, doía...

E a roupa...
Só a do corpo existia
E o frio que me trespassava a pele
E eu tremia, tremia...

E o pote...
Onde as necessidades fazia
P'ró vazar no mar eu corria
Duas, três vezes ao dia...

E a água...
E a casa, da torneira não bebia...
Só do cântaro...que na fonte eu enchia
Duas três vezes ao dia
E...quando partia, partia...

E a luz...
De petróleo, o candeeiro me alumia(va)
Os sonhos e me gastou a vista
E acordado, sonhando, eu dormia, dormia...

E a trouxa...
Que eu empenhava vazia...
E o nó que na minha garganta
Me causava tanta azia...

E a lenha...
Que eu do pinhal trazia...
E os sustos que eu apanhava
Com os guardas...e o coração batia, batia...

E os banhos...
Que eu tomava no alguidar e na bacia...
Me lavava e escarquejava
E tão bem que me sabia...

E as gamelas...
De água, que eu no mar enchia
P'ra lavar o peixe no armazém
Do patrão, com meu suor enriquecia...

E os cabazes...
Que transportava à cabeça Praia fora em correria
Três ou quatro, cinco ou seis, à cabeça
Das barcas p'rá lota, a coluna já não sentia...
Cá e lá sem parar até ao romper do dia.

E as viagens...
Que eu então não fazia...
Carro próprio era ironia...Só táxis poucos e camionetas de carreira
E, quando pela primeira vez saía...
Evitava despesas com casamento...E fugia, p'ra perto fugia...

E o peixe...
Que então fora vendia...
Com costais e latões à cabeça...E a pé
As léguas que eu percorria...

E o amor...
Que na taberna bebia,
Chegado a casa batia,
Batia mais forte que o rugir do mar, batia...

E o mar...
Que eu tanto combatia,
Por vezes rude e cruel, outras meigo e dócil
Quão traiçoeiro me engolia...

E a casa...
Tão humilde onde eu vivia...
Coisas só minhas eu tinha
Pois tudo me pertencia...

E o rio...
Onde roupa lavava e estendia...
Carregava tudo à cabeça,
Duas léguas a pé percorria...

E as redes...
Que do mar eu recolhia...
Um lanço de saco cheio,
Ou de barriga vazia.

E os fiados...
Que eu na loja pedia...
Café, açúcar, sal, colorau, azeite...
Tudo p'ra pagar um dia...

E a azeitona...
Na apanha...Sol a sol como doía...
Sem sons de mar, nem cheiro de maresia
Mas fartura de comida, e o campo por companhia.

E a vindima...
Vindimar também sabia...
Já que o mar não dava pão
P'rá vindima também ía.

E os bois...
Puxavam com energia
Os barcos, os homens e o sustento,
Em noites de calmaria.

E o trajo...
Capa negra, tudo negro, luto vestia...
Avental, bordado rico...blusa cor viva,
Sete saias, nas horas de alegria.

E os sustos...
E as preces, quando o mar forte rugia...
E os gritos, e as pragas, e os choros, as agonias...
Meu amor não aparecia...à Virgem tudo oferecia
Sem nada Ter...Por uma hora, por um dia, mentia...

Julho 99 Joaquim Pimenta ( Editado no livro " Nazaré Suas Histórias e Suas Gentes "

terça-feira, 11 de setembro de 2012

LISBOA VELHA

Lisboa Velha
(1925)

EXPLICAÇÃO
     Não esquecerei jamais a impressão de sumptuosidade e de admiração que senti quando, aí por Fevereiro de 1874, vindo da minha humilde aldeia, entrei em Lisboa.
     Não tinha visto até então mais do que os casebres dos modestíssimos lavradores a cuja família me honro de pertencer.
     A Lisboa do fim do século xix, e especialmente a cidade baixa, caracterisadamente pombalina, apesar do seu fraco movimento e da monótona harmonia das suas construções, impressionaram o meu espírito de provinciano ingénuo, moço e ignorante, como a ultima palavra do urbanismo estonteante dos capitães.
     Começava n'essa ocasião o assentamento da linha de Carris de Ferro Americanos, do Terreiro do Paço ao Conde Barão, e existia, não havia muito, a carreira de vapores de rodas para Alcântara e Belém, de cuja opulenta frota fazia parte o roncador e cuspinhento vapor Progresso, com seu simbólico titulo de arrojado meio de transporte, e no qual tantas vezes embarquei.
     Conheci eu mui particularmente as ruas de S. Paulo e da Boa Vista, e com quanto ligassem a parte ocidental da cidade com a baixa, não eram então, e apesar de tudo, mais movimentadas do que é hoje qualquer rua dos bairros excêntricos.
     Sob o ponto de vista pitoresco, julgo terem sido estas ruas as mais características, e de mais surpreendente efeito perspético, o qual lhes vinha do seu arco e da sua longa fila de prédios desigualmente altos, e em cujas fachadas haviam enxertado remates de variadíssimas e graciosas curvas — evolução lógica da frontaria típica dos séculos anteriores.
     Breve porem, estas ruas, e as do resto da cidade, passaram infelizmente pelas maiores e mais desconchavadas transformações e, mais por perversão do gosto do que por necessidades de facto, foram as construções pombalinas e os seus lindos pormenores, sendo substituídos pelas correntezas de banalíssimos casarões de platibanda, cheios de reles exotismo, os quais, por minha desgraça e de alguns outros, que assim pensam, somos, quais passageiros deste outro «Progresso» — obrigados, bem constrangidamente, a olhar todos os dias.

     Vêm estas linhas para justificar e assinalar o desgosto profundo que desde sempre venho sentindo ao ver destruir-se todo o pitoresco de Lisboa, desgosto hoje corrente, mas que mercê da minha idade fui, talvez, dos primeiros a sofrer.
     Essa sincera mágoa e uma natural e saudosa atração pelas coisas do passado, levaram-me, desde há trinta anos, a pintar em aguarelas, a desenhar e a documentar graficamente conforme pude e soube, todos os pormenores que pouco a pouco iam desaparecendo da fisionomia da cidade, tarefa onde pus o melhor dos meus esforços e o carinho muito verdadeiro que consagro ás coisas da minha Terra.
     Essa tarefa é este livro — e eu não sei dizer melhor das suas intenções.
     Afonso Lopes Vieira, que me acompanha com a sua alma de grande poeta e de grande português, melhor do que eu próprio me explicará.
     Daqui pois lhe agradeço do fundo do coração as palavras com que ilumina as minhas despretensiosas e modestas notas gráficas.
  Roque Gameiro


por AFFONSO LOPES VIEIRA
Est. 1 - Rua de S. Pedro ao Largo do Chafariz de Dentro

Est. 11 -  A Baixa vista do Jardim de S. Pedro de Alcântara

Est 21 Rua do Bemformoso

Est. 31 - Rua das Farinhas



Est 41 - Princípio das Escadinhas de S. Miguel

Est 51 - Escadinhas dos Remédios (Vista de baixo)


Est 61 - Rua da Judiaria


Est 71 - Casa no Largo do Menino Deus

Est 81 - Beco dos Cortumes

Est 91 - Escadinhas de S. Cristóvam





Est. 02 - O Rossio

Est. 03 - Na Rua da Mouraria

Est. 04 - A Igreja do Triunfo - Alcântara

Est. 05 - Calçada da Bica Grande

Est. 06 - Casas na Rua do Bemformoso

Est. 07 -Junto ao Paço de D. Fernando no Largo da Saúde

Est. 08 - Na Rua de S. Miguel - Alfama

Est. 09 - Beco do Castelo

Est. 10 - Largo da Achada

Est. 12 - Rua do Vieira Portuense - Belém

Est. 13 - Largo da Saúde e Rua da Mouraria

Est. 14 - Rua do Século (antiga Rua Formosa)

Est. 15 - Arco de Jesus, ao Campo das Cebolas

Est. 16 - Igreja da Penha de França

Est. 17 - Escadinhas dos Remédios (vista de cima)

Est. 18 - Rua de S. Miguel - Alfama

Est. 19 - Detrás da Igreja de S. Miguel

Est. 20 - Na Rua dos Remédios

Est. 22 - Arco de Penabuquel

Est. 23 - Pátio de uma casa na Rua de Castelo Picão

Est. 24 - Esquina da Rua de S. Bento e Rua do Sol ao Rato

Est. 25 - Paço e muralhas de D. Fernando no Largo da Saúde

Est. 26 - Travessa do Terreiro do Trigo

Est. 27 - O Arco Escuro

Est. 28 - Capela de Nossa Senhora da Guia (Rua da Mouraria)

Est. 29 - Entrada para o Pátio de D. Fradique

Est. 30 - Beco do Espírito Santo ao Largo do Chafariz de Dentro

Est. 32 - Rua do Arco do Marquês do Alegrete       (e aguarela que não faz parte deste álbum)

Est. 33 - No Largo da Achada

Est. 34 - Travessa de S. João da Praça (Vista de cima)

Est. 35 - Princípio da Rua do Capelão

Est. 36 - Rua das Madres

Est. 37 - Rua do Loureiro

Est. 38 - Rua de Santo Estêvão

Est. 39 - Arco de S. Estêvão (Vista de baixo)

Est. 40 - Arco de S. Estêvão (Vista de cima)

Est. 42 - Pátio do Prior

Est. 43 - Entrada da Rua de S. Miguel - Alfama

Est. 44 - Casa quinhentista da Rua dos Cegos

Est. 45 - Calçada de S. Vicente

Est. 46 - Princípio da Rua de S. Pedro ao Largo do Chafariz de Dentro

Est. 47 - Nicho na Calçado do Jogo da Péla

Est. 48 - Portal do Convento da Encarnação

Est. 49 - Na Rua dos Corvos

Est. 50 - Porta Sul do Convento das Francesinhas

Est. 52 - Calçada de S. Lourenço vista do Largo dos Trigueiros

Est. 53 - Travessa da Portuguesa da Rua do Marechal Saldanha

Est. 54 - Rua de S. Miguel Junto à Igreja

Est. 55 - Chafariz do Largo de S. Paulo

Est. 56 - Chafariz do Largo do Carmo

Est. 57 - Rua de S. Pedro Mártir

Est. 58 - Rua do Vale (a Jesus)

Est. 59 - Largo de Santo Estêvão

Est. 60 - Casa dos Bicos

Est. 62 - Casa da Rua de Belém

Est. 63 - Pátio da Carrasco

Est. 64 - Arco de Santo André visto de cima

Est. 65 - A Fonte Santa (aos Prazeres)

Est. 66 - Casas da Rua Castelo Picão

Est. 67 - Igreja de Nossa Senhora de Monserrate (Amoreiras)

Est. 68 - Pátio do Peneireiro

Est. 69 - Junto ao Cais das Colunas no Terreiro do Paço

Est. 70 - Arco de Santo André

Est. 72 - A Torre da Ajuda

Est. 73 - Igreja de Santa Luzia

Est. 74 - Escadinhas de Santo Estêvão

Est. 75 - Largo do Menino Deus da Travessa do Açougue

Est. 76 - Princípio da Travessa de S. João da Praça

Est. 77 - A Torrinha do cimo da Avenida da Liberdade

Est. 78 - Rua Possidónio da Silva aos Prazeres

Est. 79 - Rua da Galé - Alfama

Est. 80 - Rua da Regueira

Est. 82 - Largo do Chafariz de Dentro

Est. 83 - Restos de praia junto ao Cais do Sodré

Est. 84 - Convento da Esperança

Est. 85 - Vista dos terramotos para o Alto dos sete Moínhos

Est. 86 - A Igreja de Santo Amaro (vista para o Tejo)

Est. 87 - Calçada de S. João da Praça

Est. 88 - Casas da Rua de S. Pedro (ao Chafariz de Dentro)

Est. 89 - Rua de S. Miguel (Alfama)

Est. 90 - Casas da Rua da Regueira

Est. 92 - Beco dos cortumes (visto de fora)

Est. 93 - Rua do Arco a S. Mamede

Est. 94 - Chafariz da Rua Formosa

Est. 95 - Chafariz das Janelas Verdes

Est. 96 - Chafariz da Alegria

Est. 97 - Entrada para o Quartel da Cova da Moira

Est. 98 - Casas do Largo do Rato

Est. 99 - Casas do Largo do Convento da Encarnação
Est. 100 - Entrada do Palácio dos Paulistas (antigo Correio Geral)