sexta-feira, 22 de março de 2019

MOÇAMBIQUE - SOS

O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira, no centro de Moçambique, na quinta-feira à noite, uma crise agravada pelo transbordar do rio Buzi. A comparação das imagens de satélite anteriores à tragédia com a que agora foi divulgada pela Agência Espacial Europeia permite perceber a dimensão das inundações

Vastas áreas de terra foram inundadas, estradas destruídas e comunicações interrompidas. Em Moçambique morreram pelo menos 84 pessoas, mas, segundo o Presidente daquele país, o número de vítimas pode subir até à casa dos milhares. No conjunto dos três países, há pelo menos 200 mortos confirmados, centenas de desaparecidos e milhares isolados.


Em Moçambique, as próximas horas vão ser decisivas, perante a previsão de fortes chuvas. O nível das águas pode continuar a subir, há barragens no limite da capacidade e localidades que podem ficar submersas a qualquer momento.


Mais de mil pessoas podem ter morrido na passagem do Ciclone Idai pelo Sul da África
Porque é que o ciclone Idai foi tão destrutivo?Especialistas que explicam as razões que estão na origem da catástrofe que assolou Moçambique, o Zimbabwe e o Malawi.
Quando este ciclone se deslocou para terra, explica Alfredo Rocha, “esteve durante cinco ou seis dias a mover-se muito pouco e a despejar muita chuva, o que não é normal”, tendo em conta que, regra geral, os ciclones afectam a terra durante dois ou três dias. “Depois, ao mesmo tempo que esteve a despejar chuva, empurrava a água do mar em direcção à costa, o que fazia com que a chuva, uma vez caída em terra, tivesse difícil escoamento em direcção ao mar”, acrescenta.Estes fenómenos naturais estão associados à sobreelevação do nível do mar (que, no caso do Idai, se estima que tenha sido entre os 2,5 e os 3 metros). Explica Filipe Duarte Santos que “na zona central do ciclone – o olho do furacão – a pressão é muito baixa” enquanto à sua volta a pressão é alta, “de maneira que o mar é sugado dessa zona em que a pressão é baixa, sobe e esta massa de água sobreelevada [que se encontra acima do nível médio do mar], com o movimento do ciclone, avança para terra”.Assim que o ciclone Idai entrou em terra, a 15 de Março, perdeu força (passando a tempestade tropical)  mas continuou a causar chuva muito intensa durante os dias seguintes em Moçambique, no Zimbabwe e no Malawi, levando à acumulação de água e ao aumento dos caudais dos rios. O Idai continuou, assim, “a alimentar as bacias hidrográficas que depois vão intensificar as cheias a jusante desses rios”, explica Alfredo Rocha. (fonte)
Para um ciclone se formar é necessário a temperatura da água do mar estar acima dos 27 graus Celsius, sendo também necessário outras condições, nomeadamente ao nível da distância mínima do Equador (entre cinco e dez graus para Sul e para Norte). “Muito próximo do Equador não há ciclones, porque não há movimento de rotação” na atmosfera e nos oceanos (a chamada Força Coriolis), afirma o professor da Universidade de Aveiro, que nota ainda que “é também necessário que não haja ventos muito intensos na vertical, porque destroem o ciclone”.

Quando a água do oceano se evapora, “essa evaporação entra na atmosfera e sobe um pouco mais, arrefece e condensa”, com o vapor de água a passar de novo ao estado líquido. “Nesse processo liberta-se uma quantidade muito grande de energia, é esse o motor do ciclone”, explica Alfredo Rocha.
É, portanto, a conjugação destes factores, segundo o especialista em meteorologia e oceanografia, “que vão determinar a trajectória e a evolução de um ciclone”, tendo-se reunido as condições para que o Idai estivesse “durante muito tempo próximo de terra”.

PORTUGAL como país irmão está na linha da frente da ajuda humanitária.
Avião C-130 da Força Aérea


O primeiro de dois aviões C-130 com apoio português às operações de socorro às vítimas da passagem do ciclone Idai em Moçambique é esperado esta sexta-feira à tarde na cidade da Beira
O avião transporta a força de reação imediata portuguesa, constituída por 25 fuzileiros, dez elementos do Exército, três da Força Aérea e dois da GNR (equipa cinotécnica).

O envio de dois C-130 Hércules, da Força Aérea Portuguesa, foi anunciado ao início da noite de quarta-feira pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal (MNE), Augusto Santos Silva, tendo partido de Lisboa algumas horas depois.
Um segundo C-130 com apoio português partiu na noite de quinta-feira para a Beira, transportando uma equipa avançada de peritos da Autoridade Nacional de Proteção Civil, elementos da Força Especial de Bombeiros, da Guarda Nacional Republicana (GIPS e binómios de busca e socorro), do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e da EDP.
No primeiro avião, além dos 35 militares, integram a força, uma equipa cinotécnica (homem e cão) da GNR, numa operação coordenada pela Autoridade Nacional de Proteção Civil.

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