terça-feira, 4 de maio de 2010

A Revolução Cubana




A Revolução Cubana foi a primeira revolução socialista vitoriosa na América. Alterou os rumos da Guerra Fria no que se refere à América Latina. O surgimento das ditaduras militares em quase todo o bloco latino-americano deveu-se à "ameaça de comunização", cujo centro de irradiação seria Cuba.

Fidel Castro tomou o poder em Cuba em 1959 depois de ter liderado, nas montanhas de Sierra Maestra, uma guerrilha que, em seus momentos mais críticos, teve apenas 20 homens. Ele teve como aliados guerrilheiros que se tornariam mitos da esquerda do século 20, como Camilo Cienfuegos e Ernesto Che Guevara, além de seu irmão Raúl Castro.


Com menor poder de fogo que o Exército do ditador Fulgencio Batista, Fidel apostou no conceito de "guerra irregular", usando o que ele chama de "os ardis do segredo e da surpresa" contra o inimigo. Segundo Fidel, o romance Por Quem os Sinos Dobram, de Ernest Hemingway, sobre a Guerra Civil Espanhola, o teria inspirado a criar e aplicar suas táticas guerrilheiras.

"Desenvolvemos uma guerra de movimento, como já disse, de atacar e retirar-se. Surpreendê-los. Atacar e atacar. Desenvolvemos a arte de confundir as forças adversárias, para obrigá-las a fazer o que queríamos. E muita arma psicológica", disse Fidel sobre a guerrilha.

O começo

Os primórdios da campanha de Sierra Maestra localizaram-se em 1953. Em 26 de julho daquele ano, Fidel, que já tinha militância política, liderou um grupo de jovens revolucionários em uma tentativa de levante contra o general Batista, que havia subido ao poder um ano antes com um golpe de Estado e contava com a simpatia dos Estados Unidos.



Mas o ataque revolucionário aos quartéis de Moncada, na cidade de Santiago de Cuba, fracassou. Preso, Fidel foi julgado e condenado a 15 anos de prisão. Em 1955, foi anistiado por Batista e, clandestinamente, montou o Movimento 26 de Julho. Em 7 de julho, ele partiu em exílio para o México, onde conheceu o argentino Che Guevara e organizou o embrião da guerrilha.

Em 2 de dezembro de 1956, depois de uma viagem de sete dias, ele e 82 homens voltaram a Cuba no barco "Granma", dispostos a tomar o poder. "Granma" acabou virando o nome do principal jornal oficial do novo regime.

Eles desembarcaram na costa leste do país, próximo à cidade de Manzanillo. Três dias depois, foram surpreendidos por um ataque aéreo e de infantaria em Alegría de Pío e sofreram diversas baixas. Após a derrota, dispersos, Fidel, Raúl, Che e alguns outros fugiram para Sierra Maestra, maior cadeia de montanhas da ilha e lugar de difícil acesso. Lá, com apenas dois fuzis, instalaram-se e começaram a reorganizar a guerrilha com a ajuda de camponeses e de revolucionários que já atuavam na ilha.


Primeiros combates
O primeiro combate depois da chegada à serra ocorreu em 17 de janeiro de 1957, contra uma patrulha mista, e acabou com a tomada da Comandancia de La Plata, que foi transformada em base pelos rebeldes. Pequena, a vitória foi considerada "simbólica" pelo próprio Fidel.

Em fevereiro, os revolucionários receberam na serra o jornalista Herbert Matthews, do "New York Times", que tinha o crédito de ter "apresentado" o personagem Fidel aos Estados Unidos e ao mundo. Sofreram mais ataques. Fidel dividiu a guerrilha em colunas lideradas por Cienfuegos, Che e Raúl.

Paralelamente à guerrilha, grupos civis fizeram ações de insubordinação contra Batista nas principais cidades cubanas. Enfranquecida pelas denúncias de corrupção, a ditadura perdia apoio. Em 13 de março de 1957, uma tentativa de matar Batista fracassou em Havana.

A guerrilha promoveu uma série de atentados e sabotagens e, em maio de 1957, capturou o quartel de El Uvero, na batalha considerada por Fidel como "a maioridade" militar de seus homens. No fim do ano, o Exército tentou tomar Sierra Maestra, mas não conseguiu.

Em abril de 1958, foi convocada uma greve geral contra Batista. Mas, sem o apoio da guerrilha, a iniciativa fracassou. Fidel declarou "guerra total" a Batista, e as colunas rebeldes avançaram em todas as direções no território cubano.

Batista lançou uma ofensiva de 10 mil homens contra La Plata, e foi derrotado após 74 dias de batalhas como as de Jigüe, Santo Domingo e Las Mercedes, lideradas pelo próprio Fidel. A derrota do Exército mudou o curso da guerra. As colunas de Che e Cienfuegos tomaram as províncias centrais da ilha.

Caminho aberto
A batalha de Guisa, em novembro de 1958, marcou o início da última ofensiva revolucionária e abriu caminho para Santiago. A essa altura, os revolucionários eram cerca de 3.000 homens armados, número que subiu a 40 mil até a tomada de Havana.

As colunas fecharam o cerco sobre Santiago de Cuba. Em 1º de janeiro de 1959, Fulgencio Batista deixou Cuba rumo à República Dominicana. Depois, partiu para o exíilio na Espanha, então sob domínio do ditador Francisco Franco.

Uma semana depois, Fidel entrou triunfalmente em Havana e assumiu o cargo de primeiro-ministro do Governo Revolucionário. A guerrilha de Sierra Maestra havia vencido.

Furacão destrói local onde havia a base dos guerrilheiros em Sierra Maestra

Em julho de 2005, o furacão Dennis atingiu as montanhas de Sierra Maestra e destruiu a simbólica "Comandancia de La Plata", lugar a partir do qual Fidel Castro dirigiu a luta guerrilheira.

La Plata, quartel-general dos rebeldes, foi erguida em 1958 num lugar de difícil acesso das montanhas e chegou a ter 18 instalações rústicas, 15 das quais foram destruídas pelo furacão. As edificações, de paredes de madeira e tetos de folhas de palmeira, estavam em processo de restauração.

A partir dali, Fidel dirigiu os últimos meses da luta guerrilheira contra Batista. No lugar, foi erguido um hospital de campanha, uma fábrica de minas, uma oficina de conserto de armas e a emissora Rádio Rebelde.

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